jeudi, novembre 01, 2007

La réplique du narrateur

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Propôs-me o Mariano, através do seu Vidro Azul, o seguinte desafio:

1. Pegue no livro mais próximo, com mais de 161 páginas – implica aleatoriedade, não tente escolher o livro;
2. Abra o livro na página 161;
3. Na referida página procurar a 5.a frase completa;
4. Transcreva na íntegra para o seu blogue a frase encontrada;
5. Aumentar, de forma exponencial, a improdutividade, fazendo passar o desafio a mais 5 bloggers à escolha.

Ora, o livro que se encontrava mais próximo chama-se L'étranger, da autoria de Albert Camus, escritor de origem francófona, Prémio Nobel da Literatura. As suas folhas mostram ter sido corrompidas pelo tempo, tais são as marcas e cicatrizes deixadas por todos aqueles que o leram. A sua impressão data de 1980. Edição Folio.

Não obstante algum do interesse de um exercício como este radicar nas regras que ali atrás reproduzi, preferi romper com uma delas. Desta forma, face à estrutura telegráfica da maioria das frases que se encontram na página 161, transcrevo aqui todo o parágrafo. Camus justifica-o.

« Pourtant, l'heure déclinait au-dehors et la chaleur était moins forte. Aux qualques bruits de rue que j'entendais, je devinais la douceur du soir. Nous etions là, tous, à attendre. Et ce qu'ensemble nous attendions ne concernait que moi. J'ai encore regardé la salle. Tout était dans le même état que le premier jour. J'ai rencontré le regard du journaliste à la veste grise et de la femme automate. Cela m'a donné à penser que je n'avais pas cherché Marie du regard pendant tout le procès. Je ne l'avais pas oubliée, mais j'avais trop à faire. Je l'ai vue entre Celeste et Raymond. Elle m'a fait un petit signe comme si elle disait: « Enfin », et j'ai vu son visage un peu ansieux qui souriait. Mais je sentais mon coeur fermé et je n'ai même pas pu répondre à son sourire. »

« Contudo, a noite caía lá fora e o calor tornava-se menos intenso. Nos ruídos vindos da rua, imaginava a doçura da noite. Nela esperaríamos, todos juntos. E aquilo que esperaríamos, só a mim importaria. Olhei então a sala. Tudo se encontrava como no primeiro dia. Imediatamente reencontrei o olhar do jornalista de fato cinzento e da mulher. O que me levou a pensar que não tinha procurado o olhar de Marie ao longo de toda a audiência. Não a esqueci, mas tinha tanto que fazer. Encontrei-a entre Celeste e Raymond. Fez-me um pequeno sinal como se me dissesse: « Enfim », e vi na sua face um sorriso preocupado. Mas senti o meu coração apertado e não pude responder ao seu sorriso. »

Obrigado ao Mariano pelo desafio. Obrigado à Joana pelo livro.