Clap Your Hands Say Yeah Is this love?« Now that everybody's here / Can we please have your attention ... »
Ao longo do ano de 2006 passei vezes sem conta pelas mesmas 11 faixas. Escutei-as em repeat no winamp. No Ipod enquanto me marcavam os passos. No carro ao ser conduzido por elas. Estranhamente, o meu entusiasmo por cada uma delas resistiu à ferrugem dos dias, que rapidamente corrói aquilo que escutamos, ditando a sua reciclagem contínua, a sua fulgurante ascensão e queda no esquecimento, em pouco mais de um mês. Tento fugir a esses fenómenos circunstanciais, aos hypes do momento, à necessidade por vezes recorrente de escutarmos algo por um estúpido sentimento de pertença a algo maior do que nós, a um fenómeno de massas " que está a passar por aí " e que, na maior parte das vezes, esgota-se num único concerto. Após este, a celebração colectiva dá lugar à calmia, e essa massa composta por pequenos grupos de seguidores (ou seguidistas), logo abre o jornal ávidos de mais uma nota acima do 8 ... logo olha para trás, para ver quem aí vem de seguida ...
« Let the cool goddess rust away ... rust away .. rust away ... »
Daí que até hoje nunca tenha escrito quaisquer linhas sobre estes rapazes, sobre o seu trabalho. Não por desconfiança. Mas de modo a fugir ao lugar comum. Os Clap Your Hands Say Yeah convenceram-me desde o início, e por isso quis preservá-los, afastá-los de qualquer hype, até porque a sua génese confunde-se com esses movimentos recorrentes. A partir de um pequeno apartamento nova-iorquino venderam milhares e milhares de albuns, ainda sem editora, tendo apenas como pano de fundo uma imensa teia de influências e de partilha, tecida diariamente nos blogs dedicados à indie pop. O rumor espalhou-se, mp3's foram partilhados e nasceram os Clap Your Hands Say Yeah!
« Success is so forbidding / But it makes me think I'm winning ... »
Felizmente, a voz de Alec Ounsworth, na sua viciante imperceptibilidade, é irritante para muita gente. O que desde logo abre uma trincheira demasiado funda para atrair uma desmesurada quantidade de seguidores. A sua capacidade traduz-se muito mais nas letras que escreve, crónicas de um presente bastante confuso, de uma realidade norte-americana imersa num turbilhão demasiado realista e caótico. Pequenos sublinhados de toda uma geração à deriva, sob melodias contagiantes, ao longo das quais aquela mesma voz irritante se estende, contorce e grita ... pequenos sublinhados de efervescência ... de desespero ... e ao mesmo tempo celebratórios ...
« Shout just let it on out / Confusion becomes a philosophy / Down we're reaching the town where we don't have to stand around and look over our shoulders ... »
Ontem escutei pela primeira vez três faixas do trabalho que se segue, Some Loud Thunder, a ser editado nas primeiras semanas de 2007.
Talvez perto de 2008 volte a escrever sobre eles ...
Clap your hands! When I feel so lonely
Clap your hands! When I won't do nothing
Clap your hands! When I have no money
Clap your hands! When it don't seem likely
Clap your hands! Are you up to something?
Clap your hands! Where's my milk and honey?
Clap your hands! When I just look funny
Clap your hands! I just wait, a while ...