vendredi, décembre 29, 2006
jeudi, décembre 21, 2006
La Nouvelle scène française par Benjamin Biolay
dimanche, décembre 17, 2006
Na Lisboa que amanhece ...

Face a Modigliani, originally uploaded by Stuart Murdoch.
Sous un poster de Modigliani
J'étais passé pour prendre un thé
Et j'ai passé la nuit
Na Lisboa que amanhece, ruas estreitas e quebradas decalcam os nossos passos. Rarefeitos de cansaços, descemos por Alfama, entrelaçados na trama de parapeitos e canteiros, ombro a ombro, apertados. Lá em baixo o Tejo espreita as vidas de passagem; aqueles que já não reagem à sua presença, e na urgente indiferença dobram mais uma esquina, esperam em mais uma paragem.
Ignoram que aquela porta velha e rebatida esconde um pátio interior, sob um tecto multicor. Não sabem que haverá mais logo uma reposição de Bergman, na qual as legendas desaparecem, intermitentes, recordando-nos daqueles que julgamos ausentes. Será que Bergman sabe que os 39 degraus da Cinemateca são na realidade 38 ...
Na Lisboa que amanhece A cozinha de Manhufe surge torta e quebrada como as ruas de Alfama. O cubismo multiplica as dimensões, mas qual a real dimensão daquele Modigliani, da sua presença à distância de um passo. De traços curvos e de azul imenso ...
Perec, Georges Perec. Sand, Georges Sand. Camus, Albert Camus.
Seguimos as lombadas. Ficamos mais tempo do que esperávamos. Passeamo-los debaixo do braço pelas ruas já despidas. Só paramos à mesa de mais um café. De mais uma casa de chá.
Na Lisboa que amanhece olho a Graça pela janela e vejo passar o Kilas. Enquanto adormeço, no rés do chão, conspira com o Godinho. Ao fundo da rua, a Feira da Ladra fica enfim quieta e abandonada ...
Aqui não há maus da fita. Afinal, a Graça não é manhosa nem Lisboa é tão distante assim.
(Para a J. , por tudo ...)