lundi, novembre 27, 2006

La nouvelle scène française par Camille et Jeanne Cherhal

Camille & Jeanne Cherhal Janine

Para o dia de hoje tinha reservado apenas aquele video do Vincent, mas depois desta performance da Camille e da Jeanne torna-se quase embaraçoso não a partilhar com todos.

Quero uma Camille só para mim ... eléctrica como ela ... diria mesmo que a amo muito! :p

La nouvelle scène française par Vincent Delerm et Renaud





dimanche, novembre 26, 2006

On ne dit plus Vivement Dimanche #2

Blur The Universal (MTV Awards Paris'95)

Recordo-me de aos 15 anos guardar religiosamente cada uma das edições da Onze Mondial, após ter cuidadosamente destacado as oito fichas individuais, anexas às páginas centrais, nas quais poderíamos saber a altura de Zinedine Zidane, a nova promessa do Girondins Bordeaux, ou o número de golos marcados por Nicolas Ouèdec, ponta de lança do Nantes Atlantique ...

Numa das improvisadas salas dos chamados " blocos novos " da C+S Silva Gaio, a professora de Físico-Química roubava mais um precioso intervalo, alongando-se na sua explicação de como o sódio ocupava uma relevante posição na tabela periódica ...

Aos 15 anos deixei para trás as camisas às riscas verticais azuis, vermelhas e verdes ... os blusões de penas Duffy, que após as aulas de Fisico-Química se tornavam cada vez mais leves, dada a quantidade de penas que tiravamos das mangas ... e as Reebock Pump, compradas três anos antes ...

Recordo-me de nunca ter lido o Capitão América #168, acabando por nunca saber até hoje quais os verdadeiros motivos que levaram o Capitão Britânia a um tão cobarde ataque no número anterior ...

Lembro-me de tardes passadas a jogar Alex Kid, embora hoje já não me recorde dos códigos que me permitiam aceder directamente ao último nível ...

Quando as últimas férias de Verão na companhia dos meus pais me pareceram longas e aborrecidas ...

Quando em Setembro os primeiros dias de liceu tornavam menos indiferente a forma como o género feminino me tinha até aí olhado indiferentemente ...

Com 15 anos o plano ainda se resumia a completar rapidamente o bairro verde, trocando mesmo a Companhia das Águas e a Rua do Carmo pela Rua do Ouro, edificando aí, após três passagens pela casa partida, dois hoteis e três habitações, levando incidentalmente os adversários a uma espiral de hipotecas e idas à prisão até à definitiva e bastante penosa bancarrota ...

Lembro-me de se coleccionarem latas, estando estas dispostas por cores ou datas em cima de um móvel de cozinha, destacando-se das três filas a forma reduzida da Green Sands e o número de edições especiais de Natal da Coca-Cola ...

Recordo-me dos três albuns que escutava no Fiat Uno 60 SL do meu pai: o Kick dos INXS, o Achtung baby dos U2 e o Automatic for the people dos REM, que se diferenciava pela sua cor laranja e pelo facto de demasiadas vezes se enrolar no leitor de cassetes, sempre que passávamos pela segunda faixa do lado b ...

Aos 15 anos descobri os blur ... comprei o The Great Escape e passei a escutá-lo todas as noites no velho Panasonic da sala de estar ...

Hoje, ao descobrir o video da The Universal nos MTV Music Awards de 95, regressei por momentos a uma dessas noites, quando escutava atentamente a emissão conduzida pelo Álvaro Costa na Antena 3, em directo de Paris, e esperava que os quatro rapazes de Londres subissem ao palco e apresentassem o seu novo single ...

Hoje também me apercebi como em 1995 a vida parecia estranhamente menos complicada ...

« Every paper that you read / says tomorrow's your lucky day / well, here's your lucky day ... »

samedi, novembre 25, 2006

On ne dit plus Vivement Dimanche #1

The blow

Sob escuta desde há poucos dias, os The Blow de Jona Bechtolt e Khaela Maricich são um projecto oriundo de Portland. Insistem em não sair do meu Ipod. São oficialmente chatos. E viciantes. Ainda por cima recordam-me que também eu uma vez, pelo menos, joguei Magic The Gathering ...

Love The Beatles Love


Magical Mystery Tour, originally uploaded by Stuart Murdoch.

Beatles Love. Tudo o que possa escrever de seguida será muito pouco face ao meu entusiasmo. Ao vibrante entusiasmo que nos toma depois de escutarmos este album. Repetidamente. Compulsivamente. Uma vez mais ...

Beatles Love. O invulgar processo de como em vida se tornaram um mito, e esse mesmo mito recusa-se a permanecer distante e inerte, ganhando uma nova vida, pelas mãos do seu criador George Martin.

Beatles Love. Como pedaços de plasticina ou de velhas peças de lego, também os registos guardados pelo tempo, adquirem novas formas, entrelaçando-se, misturando-se e criando o definitivo imaginário beatlesco.

Beatles Love. A escutar a passagem de Hey Jude para Sgt. Pepper's ... a reunião de Blackbird e Yesterday ... a desconstrução de Lady Madonna ... o final desarmante de Strawberry fields ao som dos piccollos de Hello Goodbye ... Octopus Garden sob a Yellow Submarine ...

Beatles Love... a ouvir mais uma vez. Amanhã. E depois ...


John, Paul, George, Ringo & George Martin ... God bless ya!

jeudi, novembre 16, 2006

Le regard du narrateur

Há poucos dias uma amiga pediu-me para que lhe gravasse um cd. Este deveria conter músicas que me dissessem algo e que lhe dissessem algo de mim ... Enquanto as recolhia, entrelaçando-as e reordenando-as, recordava-me de o ter feito algumas vezes, para quem e porquê. Creio mesmo que todos nós já o fizemos. É um daqueles lugares comuns aos quais ninguém acaba por escapar. Assim como não nos podemos furtar à sua análise passado alguns dias, na companhia do destinatário. Uma coisa pressupõe a outra. São dois momentos de um mesmo processo. Escolha, gravação, entrega e discussão. Nesta última fase, deixamo-nos entusiasmar pelos pormenores que o outro captou (ao juntarmos a óbvia R U Lonely? do Graham Coxon com a transparente Vou Recomeçar da Gal Costa) ou sentimo-nos frustrados quando o outro passa pela Range Life dos Pavement sem sequer um mero apontamento. Enquanto o fazia recordei-me de um texto de Vincent Delerm. Excerto de uma peça de teatro que escreveu há três anos. Um olhar atento sobre as expectativas de duas pessoas. A forma como ditam os seus comportamentos. Os lugares comuns por onde toda uma geração passou. A minha re-leitura de hoje.


LUI
« J'avais appartenu quelques années plus tôt a cette catégorie de garçons dont la téchnique de séduction repose en grande partie sur la confection de cassettes. Le secret de cet exercice réside avant tout dans le panachage:
1) Panachage entre les titres inconnus et célèbres (par exemple : Mr. Alphabet Says du groupe The Glove placé derrière Sunday Bloody Sunday de U2).
2) Panachage entre pop indépendante britannique et variété française (I Know It's Over par les Smiths et L'Amour En Fuite d'Alain Souchon).
3) Panachage extrèmement délicat entre chanson dévoilant un penchant idéalista et romantique (Way To Blue de Nick Drake) et chanson mettant en lumière un tempérament cynique et désabusé (Le Lien Défait par Jean-Louis Murat). »
ELLE
« J'ai bien aimé la première face ... »
LUI
« C'est-à-dire tout ce qui concerne Depeche Mode. »
ELLE
« La deuxième ... »
LUI
« Celle qui contient les 12 meilleures chansons de la planète. »
ELLE
« ... en fait, je ne l'ai écoutée qu'une seule fois. »
LUI
« C'est la qu'il devient compliqué de sourire ... »
ELLE
« En plus, j'étais dans ma voiture, j'ai raté certaines passages. »
LUI
« Probablement Tonight We Fly de Divine Comedy ... »
ELLE
« Mais ça a l'air bien. »
LUI
« Et la nous nous dirigeons tout droit vers un "mais il faut que je la réécoute". »
ELLE
« ... il faut que je la réécoute. »


Texto de Vincent Delerm in Le Fait d'Habiter Bagnolet



(trad. livre)

ELE
« Pertenci, durante alguns anos, a uma categoria de rapazes, cuja técnica de sedução, assentava em grande parte, na gravação de cassetes. O segredo deste exercício reside antes de tudo na mistura:
1) Mistura entre títulos desconhecidos e célebres (por exemplo: Mr. Alphabet do projecto The Glove colocado atrás de Sunday Bloody Sunday dos U2).
2) Mistura entre indie pop britânica e música francesa (I Know It's Over dos The Smiths e L'Amour En Fuite de Alain Souchon).
3) Mistura extremamente cuidadosa entre músicas que mostrem uma propensão idealista e romântica (Way To Blue de Nick Drake) e músicas que revelem um temperamento cínico e ousado (Le Lien Défait de Jean-Louis Murat).
ELA
«Gostei muito do lado A ... »
ELE
« Ou seja, tudo o que diz respeito aos Depeche Mode. »
ELA
« A segunda parte ... »
ELE
« Aquela que contem as 12 melhores música do planeta. »
ELA
« ... bem, não a ouvi mais que uma vez. »
ELE
« Nestas alturas torna-se complicado sorrir ...»
ELA
« Ainda por cima, escutei-a no carro, e não prestei atenção a certas partes. »
ELE
« Provavelmente a Tonight We Fly dos Divine Comedy. »
ELA
« Mas parece-me bem ... »
ELE
« Eis que nos dirigimos para o " tenho de a escutar outra vez" . »
ELA
« ... Tenho de a escutar outra vez. »

samedi, novembre 11, 2006

Georges Perec

A escrita e a memória. O legado de Georges Perec:
… j'écris: j'écris parce que nous avons vécu ensemble, parce que j'ai été un parmi eux, ombre au milieu de leurs ombres, corps près de leur corps; j'écris parce qu'ils ont laissé en moi leur marque indélébile et que la trace en est l'écriture: leur souvenir est mort à l'écriture; l'écriture est le souvenir de leur mort et l'affirmation de ma vie.

- Georges Perec


(trad.)
... i write: I write because we lived together, because I was among them, shadow in the middle of their shadows, body close to their bodies; I write because they have left in me their indelible mark and the trace of it is the writing: their memory is death to the writing; the writing is the memory of their death and the affirmation of my life.

jeudi, novembre 09, 2006

Je me souviens

Um dia desarticulado como o de hoje, chega ao seu final tendo as palavras de Georges Perec, como pano de fundo. Um autor que ainda desconheço. Que procuro conhecer. Excertos de um poema maior que regista as suas recordações; também elas desarticuladas, corridas ... meras impressões que resistiram ao tempo, e que permanecem enquanto lugares comuns. É isso que me atrai na sua escrita: as abusivas referências, o name dropping, o voyeurismo ... Intitula-se Je me souviens ... Meros excertos.

Je me souviens des dîners à la grande table de la boulangerie. Soupe au lait l'hiver, soupe au vin l'été.
Je me souviens des jeux à l'élastique à l'école.
Je me souviens de l'odeur enivrante des livres, à la rentrée scolaire.
Je me souviens de ces départs en vacances où l'habitacle était aussi chargé que le coffre.

Je me souviens des vaccinations en collectivité.
Je me souviens des heures passées avec ma sur à faire tourner un Globe terrestre, les yeux fermés, le doigt pointé dessus, et de ne les rouvrir que lorsque celui-ci s'était arrêté, nous imaginions alors des voyages et des rencontres.

Je me souviens que mon père nous emmenait à l'école dans la remorque à vélo.
Je me souviens du premier aspirateur, quel plaisir la première fois.
Je me souviens des stylos BIC jaunes dont on retirait la mine pour faire des lance-boulettes et des colères que cela provoquait chez mes parents.

Je me souviens de « ALLEZ LES VERTS ! »

Je me souviens de ces nuits de Noël bien plus longues que toutes les autres nuits.
Je ne me souviens pas du moment de ma naissance.
Je me souviens de ne pas m'être souvenu de mon rendez-vous chez le dentiste.
Je me souviens des heures passées à jouer avec les lanières de plastique des rideaux pendus devant les portes d'entrée.
Je me souviens de la terrible solitude du capitaine Némo.
Je me souviens de l'odeur de la colle que l'on utilisait à l'école.

Je me souviens de son prénom : Isabelle.
Je me souviens de Zorro et de son Z mythique.
Je me souviens des tactac tactac tactac tactac tactac tactac tactac tactac.

Je me souviens des journées sans école et des « MAMAN JE N'SAIS PAS QUOI FAIRE !»
Je me souviens des images Panini et des échanges.

Je me souviens d'hier ...

lundi, novembre 06, 2006

João e Maria

Por vezes um final de espectáculo encerra uma recompensa ... aquela música que por tantas vezes ensaiámos em casa, enquanto timidamente dedilhavamos umas quantas cordas ... aquela que guarda memórias precisas, registo de um tempo que passou ... aquela que deita por terra todos os esforços para não nos deixarmos levar. Foi assim no Coliseu ...

Obrigado Chico!


João e Maria
(Chico Buarque)

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matines

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Sim, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim